12 de junho de 2010

O estágio "House" do bom programador

Quando começamos a programar, qualquer problema, por menor que seja, se torna desafiador por ser algo novo. Depois de algum tempo enfrentando os mesmos problemas, nos tornamos bons em resolvê-los e fazemos isso de forma cada vez mais eficiente. Porém, depois de algum tempo aplicando toda a eficiência que adquirimos para resolver os mesmos problemas, nossa inteligência e criatividade começam a ficar subutilizadas. O desafio desaparece; junto vai embora a motivação. Então, começamos a procurar por novos problemas que desafiem a nossa inteligência e criatividade. Esse, pra mim, é o "Estágio House" do bom programador.

Esse termo me veio à mente depois de assistir a alguns episódios da série norte-americana House, que tem como principal personagem o Dr. Gregory House - um brilhante médico que é obrigado a consultar pacientes com problemas comuns, mas detesta fazer isso! Ele gosta mesmo é de encontrar diagnóstico para os casos mais difíceis - aqueles que desafiam a sua inteligência e raciocínio. É na investigação desses casos que o Dr. House encontra satisfação. É aí que seu talento fica evidente. É aí que estão os desafios que o interessam.

O programador no estágio House ainda gosta muito de programar, porém, não mais aqueles "sisteminhas" que programadores medianos podem fazer. Ele quer é trabalhar em projetos que façam bom uso do talento que ele desenvolveu e em projetos desafiadores que o façam desenvolver novos conhecimentos e habilidades.

Infelizmente (para programadores nesse estágio, felizmente para outros) boa parte das oportunidades de trabalho são para fazer softwares que não requerem programadores muito talentosos. Algumas empresas até preferem programadores menos talentosos, pois são mais obedientes e não questionam quando são encarregados de fazer um software ruim (algo comum quando quem está no comando não é bom tecnicamente).

Nem todos os programadores, entretanto, chegam no estágio House. E isso não é necessariamente ruim. O ser humano, de modo geral, gosta de estar na Zona de Conforto. Se você resolve os mesmos problemas ano após ano, provavelmente se tornou bom nisso. Por que arriscar ser mediano resolvendo novos problemas quando você pode continuar sendo bom em resolver os velhos problemas? É uma questão de escolha.

Mas se você está no estágio House e seu trabalho atual subutiliza sua inteligência e criatividade, aguarde, no próximo artigo apresentarei algumas sugestões do que você pode fazer.

E você, já chegou no estágio House? Compartilhe sua experiência.

Um dos momentos de House que inspiraram este artigo, pode ser visto, em inglês, aqui. Se preferir, há uma péssima dublagem em espanhol aqui. Lamento não ter conseguido um vídeo legendado em português. Ele diz algo mais ou menos assim:

'Olá gente doente, sou o Dr. Gregory House, mas podem me chamar de Greg. Sou um dos três médicos de plantão esta manhã. Sou diagnosticista certificado e tenho especialidade dupla em doenças infecciosas e nefrologia. Também sou o único médico desta clínica forçado a estar aqui contra a vontade, não é?' (olhando para Cuddy, diretora do hospital) 'Mas não se preocupem porque a maioria de vocês poderia ser tratado por um macaco com um analgésico... Quem quer ser atendido por mim?' (ninguém levanta a mão) 'Quem quer ser atendido pelos outros médicos?' (todos levantam a mão)

10 comentários:

Regina Silva disse...

Olha aí! Me identifiquei de novo!
Acho que cheguei no estágio House do artesananto. Os gráficos já ñ me encantam tanto assim! Às vezes acho defeitos neles antes mesmo de executá-los. Estou na fase de criar meus próprios gráficos, desvendar técnicas em fotos de desfiles, mesclar técnicas numa única peça...e assim por diante!
Vou aguardar a próxima postagem pra saber como melhorar e/ou desenvolver mais esse estágio.
Tchau

Dirlei Dionísio disse...

Legal Regina! Parece que esse estágio pode se aplicar a todas as profissões. Seus "sintomas" indicam que você está entre os bons profissionais da sua área.

Blogildo disse...

O top é o estágio Cuddy! Você contrata o programador House e fica só com a gestão de pessoal.
Abs!

Dirlei Dionísio disse...

Parece uma boa analogia, Blogildo. Os gerentes "Cuddy" são os que se preocupam com os processos e métricas enquanto os programadores "House" querem apenas resolver os problemas.

Valmir disse...

Acho que cedo ou tarde a maioria dos bons profissionais chega nessa estágio. O perigo é ficar colocando 'pedras' no caminho propositalmente, só para ele ficar mais interessante. Eu confesso que já coloquei algumas. Mas, já tropecei em várias colocadas por outros.. hehehe

Dirlei Dionísio disse...

Às vezes tropeçamos nas "pedras" que nós mesmos colocamos no nosso caminho, às vezes nas "pedras" colocadas por outros. O importante é levantar e seguir em frente. Um abraço, Valmir!

H. Ataide disse...

Maravilha, Dirlei! Imagina uma profissão que é, por natureza, repetitiva. Uma costureira, por exemplo, num certo momento ela já costurou todo tipo de tecido de todos os tamanhos. Deve ser complicado de "aguentar-se". hehehe.

Anônimo disse...

Deve ser disso que meu profº tava falando... ele tentou explicar a diferença de um bom programador para um mau programador.

Ele disse que o mundo da informática está evoluindo rapidamente, e se você não se atualiziar, ficará obsoleto.

Dirlei Dionísio disse...

Seu professor tem razão, Anônimo. Se não nos atualizarmos a tecnologia evolui e nós ficamos para trás. Obrigado a você a ao Ataide pelos comentários!

Anônimo disse...

Todos nós programadores, passamos pelo Estágio House da programação e da realização pessoal, e alimentação do ego, e de resolver desafios da programação, e pra ficar mais emocionante colocar pedras e as vezes grandes rochas, para quebrarmos com a linguagem, e tudo melhora quando o prazo é curto e a pressão é grande.
Já virei noites em minutos... É incrivel como não vemos o tempo passar quando estamos dentro do código, minha concentração é tão grande que não sei como pisco os olhos e me lembro de respirar... Começo a programar sempre a noite depois das 22:00, quando ninguem me liga, e todos estão dormindo, e o silencio domina... Amanhece o dia, e então desperto do transe com um susto de um clarão amarelo invandindo o ambiente...Na primeira vez que isso aconteceu, pensei que era um incendio, ou a vinda de Jesus...kkk

Até mais pessoal, gostei muito desse blog... O Dirley é legal!!!
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